Detalhes do Trabalho
Título PT-BR:
O NÃO SABER, PRÉ-REQUISITO OU BARREIRA PARA O SABER? EFEITOS DE SENTIDO EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR DO IF SUL DE MINAS
Autor:
SÉRGIO MURILO LUCAS
Orientador:
Joelma Pereira de Faria.
Titulação do Orientador:
Doutor
Curso:
Mestrado em Ciências da Linguagem
Tipo de Trabalho:
O NÃO SABER, PRÉ-REQUISITO OU BARREIRA PARA O SABER? EFEITOS DE SENTIDO EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR DO IF SUL DE MINAS
Assunto:
Análise de Discurso. Direito à educação. Redações de vestibular. Falha.
Ano de Defesa:
2020
Biblioteca:
Unidade Fátima
Área de Concentração:
Linguagem e Sociedade
Linha de Pesquisa:
Língua e ensino
Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo refletir, à luz do campo teórico da Análise de Discurso de linha francesa, sobre sentidos produzidos nas redações de vestibular do Instituto Federal Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS). A partir de um corpus constituído de produções textuais de candidatos que se submeteram ao processo seletivo para ingresso no curso de Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do campus Machado, no ano de 2018, procedeu-se a um recorte baseado na nota obtida, conforme segue: 4 redações em que os sujeitos “fugiram” do tema proposto; 4 redações que obtiveram as notas mais altas e 4 que obtiveram as notas mais baixas. Considerando um discurso pedagógico em que funciona uma visão instrumental da língua segundo a qual a “apropriação" de um "dialeto de prestígio" é capaz de transformar as condições materiais de existência do aluno, percebemos que os “erros” formais apontados na escrita desses sujeitos, tomados por uma perspectiva histórica material da língua pela qual ele produz sentidos, não podem ser considerados como tal e levantamos alguns questionamentos: 1- A dificuldade do sujeito no seu trato com a língua padrão constitui razão ou impedimento para que continue gozando do direito à educação? 2- Qual o espaço no ambiente escolar para a língua “falha” do sujeito frente à essa língua nacional, idealizada e padronizada? 3- Sendo a falha um dos mecanismos do funcionamento da linguagem, então quais são os reais mecanismos que ela encobre no processo de exclusão do sujeito do processo educacional? A ideia inicial era de que a exclusão de sentidos (e, consequentemente, dos sujeitos) se daria pelo desvio de uma suposta forma aceitável de (se)significar, porém, o que se percebeu foi que a medida de exclusão do sujeito no processo de significação em contexto educacional, embora se justifique por erros formais, é muito mais proporcional ao conteúdo (o que significa) do que à forma (como significa). Afetado por um discurso pedagógico compreendido como autoritário, o sujeito mobiliza formações imaginárias que fazem com que a interpretação do discurso que produz se dê pela denegação de sua língua materna, ainda que a Escola a exalte como variante linguística. Nesse processo, para significar, ele precisa se excluir como sujeito, porque, da posição em que escreve, sua relação com a língua sempre vai resultar em apagamento. O problema da exclusão pela linguagem, portanto, reside menos em o sujeito falar uma língua incompreensível e mais em significar sentidos inaceitáveis, menos em cometer equívocos e mais em discordar. A falha é constitutiva da linguagem e serve para mascarar o que parece importar, em última instância, para o “sucesso” do sujeito nesse tipo de prova de redação: assumir uma posição de aceitação e reprodução de sentidos ou silêncio.
Palavras-Chave PT-BR:
Análise de Discurso. Direito à educação. Redações de vestibular. Falha.
Palavras-Chave EN:
Discourse Analysis. Right to education. Admission essays. Failure.